Entendendo o coração de Marta
Ao lermos as páginas do
Novo Testamento, encontramos personagens que inspiram-nos a viver a vida cristã
em sua dimensão mais profunda. Dentre esses destacam-se intrépidas mulheres,
que apesar de viverem na sociedade patriarcal hebraica, demonstraram ousadia em
professar a sua fé. Os nomes das que se assentam na galeria
neotestamentária somam-se às dezenas, os das anônimas, às centenas. Nem
mesmo a história de um povo e de uma época machista, pode apagar as pegadas
históricas da mulher que teme e ama a Deus (Mt 26.13).
Vejamos uma dessas
intrépida dama denominada ‘Marta’. Seu
nome, procedente da língua aramaica (Martâ’), persiste através do idioma grego
ou koinê (Martha). O declínio das duas línguas que perpetuam o nome da irmã de
Lázaro não foi capaz de apagar o intenso brilho de seu testemunho e serviço ao
Messias. Marta era a irmã mais velha entre os seus irmãos (Lc 10.38). Marta
desenpenhaca bem a seu papel social dentro
dos moldes da família judaica daqueles dias. Era a ‘senhora’ responsável por
todo o formalismo cerimonial da recepção judaica ao se receber pessoas em casa para
um banquete. Esse fato tem sido incompreendido por aqueles que veem na amorosa
admoestação de Jesus em Lucas 10.41,42, uma repreensão ao caráter pragmático de Marta. Receber um
rabino em casa era uma tarefa hercúlea que exigia esforço e completa dedicação.
Não se pode “roubar”, ou extinguir os
méritos sacrificais de uma mulher que ama ao Senhor através de seus serviços.
Marta, semelhante a sua
irmã, Maria, assentava-se aos ‘pés de Jesus’ e ‘ouvia a sua palavra’, mas sua
responsabilidade como anfitriã a distraia (Lc 10. 39,40). Estava bifurcada em
dois sentimentos opostos: o de adorar através de seu serviço, ou similar a
Maria, por meio de seu amor atencioso. Marta, a senhora, estava só e
sobrecarregada de afazeres impostos pela etiqueta social, não era vilã, mas
cordial e principesca (Lc 10.40). O serviço de Marta garantia a tranquilidade
da adoração de Maria, assim como as ocupações litúrgicas de várias mulheres
cristãs anônimas permitem a adoração daqueles que adentram a nave dos templos
evangélicos. As filhas de Marta são como as colunas dos grandes edifícios
modernos, não aparecem, mas sustentam toda a estrutura. Assim como Jesus amava
a Marta, ama as mulheres cristãs que se consagram ao seu serviço: “Jesus amava
a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro” (Jo
11.5).
Conclusão:
Marta, a “senhora de
Betânia”, serve. A verdadeira adoração não se limita ao amor de Maria, a
gratidão de Simão, ou a expectativa de Lázaro, mas transcende através do
serviço: “Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás” (Mt 4.10). É por
esta razão que Paulo afirma que aquele que recebeu o dom de serviço deve servir
(Rm 12.7). Marta serviu
ao Senhor, assim como você o serve, quando prepara na cozinha o alimento para
aqueles que adoram, ou quando cuida da higiene do templo para receber a igreja
de Cristo.
E’ uma honra para a mulher cristã ser Marta.
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