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sábado, 6 de novembro de 2010

Ser alfabetizado vai muito alem de usar codigo...




Ser alfabetizado vai muito além de usar códigos. 
Pessoas assim são apenas analfabetos funcionais, escrevem e leem, 
porém são incapazes de usar essas habilidades na sua vida. 
Melhor dizendo, são incapazes de dar sentido para aquilo que escrevem e 
leem.

Ler e escrever têm a função de comunicar algo. A prova em questão só terá valor para avaliar a habilidade leitora se o que for lido fizer sentido e comunicar algo para o leitor. Para isso, é necessário que se verifique o entendimento feito do texto.
Quem acompanha uma criança em seus primeiros anos escolares observa que muitas vezes ela lê uma história, por vezes curta e simples, mas não consegue compreender o que se passa nela. Isso se deve ao fato de que no início do aprendizado da leitura ela nada mais faz que decodificar o texto. Quando esta capacidade estiver desenvolvida, aí sim ela começará a dar um sentido maior ao que lê. Não podemos dizer que essa criança esteja alfabetizada.
O mesmo acontece com a escrita. Apenas escrever o que se ouve não faz da pessoa alguém capaz de produzir um texto legível e compreensível. Legível no sentido de usar regras comuns à linguagem escrita e com conteúdo com um mínimo de significado. Não apenas um amontoado de palavras.
Não me parece que a prova a ser aplicada para que alguém demonstre ser alfabetizado revele algo nesse sentido.
No Brasil e na América Latina, analfabeto funcional é aquele que tem mais de 20 anos e possui menos de quatro anos de estudo formal. No Canadá, a escolaridade mínima é de oito anos.
Esses critérios também são relativos. Principalmente quando observamos o desenvolvimento escolar efetivo de muitos daqueles que estudam vários anos nas nossas escolas públicas. Alguns terminam os quatro anos de estudos ainda analfabetos funcionais.
Estar alfabetizado de maneira funcional – alfabetismo funcional – envolve a capacidade de usar a linguagem escrita de maneira efetiva, possibilitando que a pessoa se comunique, informando-se e expressando-se através dela. A alfabetização se dá pela vida toda.
Fica difícil imaginar que uma pessoa que não seja funcionalmente alfabetizada consiga propor, editar ou revogar as leis de um país, como o deputado federal tem que fazer.
Mais que uma questão política, essa questão envolvendo o deputado(Tiririca) eleito mostra a confusão que ainda se faz sobre analfabetismo e alfabetismo, que tem ocultado o verdadeiro nível de alfabetização do nosso povo e impedido que o Brasil se desenvolva mais.
(Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga)
Especial para o G1, em São Paulo

Um comentário:

  1. Amiga Cida, o que eu posso acrescentar diante de uma pessoa tão linda, que nos passa em seu Blog informações precisas atuais, e que nos leva a reflexões.
    Só posso agradecer pelo presente que você proporcionou-me.
    Obrigada.
    Parabéns amiga.
    A Paz de Cristo para Você.
    Jane Di Lello.

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